A dor pélvica crônica, por definição, é uma dor localizada na região da pelve, com duração mínima de seis meses. Acomete de 14 a 24% das mulheres em idade reprodutiva. Cerca de 71 a 87% dessas pacientes têm o diagnóstico de endometriose, porém outras doenças podem estar associadas. São elas: Síndrome da bexiga dolorosa, Síndrome do intestino irritável, aderências viscerais pélvicas, cistite intersticial, nevralgia do nervo pudendo, entre outras. Quando o agente causal não é estabelecido, passa a ser chamada de Síndrome de dor Pélvica Crônica.
A endometriose é a principal causa de dor pélvica em mulheres e acontece quando células endometriais se encontram fora da cavidade uterina. É uma doença inflamatória-estrogênio dependente! A dor inicialmente é cíclica, ou seja, no período menstrual e com o passar do tempo fica cada vez mais intensa e contínua, sendo então chamada de “dor crônica pélvica” depois de seis meses. Neste processo ocorre uma sensibilização do Sistema Nervoso Central. É como se um sinal de alarme do nosso corpo tivesse disparado, e nessa fase qualquer pequeno estímulo de dor é sentido de forma muito mais intensa pelo nosso cérebro.
Outro fato importante é que a intensidade da dor não necessariamente tem a ver com o tamanho da lesão de endometriose, a chamada “dissociação clínico-radiológica”. Assim, até mesmo pequenos focos podem resultar em uma dor muito acentuada. Isso acontece porque temos proliferação de fibras C nos focos de endometriose, que são as fibras responsáveis pela transmissão da dor.
O tratamento da endometriose consiste na terapia hormonal, incentivo à atividade física, dieta anti-inflamatória e suplementações. Algumas vezes as pacientes apresentam dores refratárias a essa terapia convencional e, nesses casos, a dor provavelmente persiste devido à sensibilização do Sistema Nervoso Central ou por dores miofasciais do assoalho pélvico, que são condições que podem iniciar, amplificar e perpetuar as dores pélvicas, exigindo uma abordagem para se obter melhores resultados no tratamento. Para essa abordagem podemos utilizar medicamentos orais, técnicas intervencionistas de dor, toxina botulínica, entre outros tratamentos.